quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Dissonância Cognitiva (1)

Amigo leitor, chegou o momento de começar a falar de assuntos mais sérios por estas bandas. E como alguns textos devem abalar crenças religiosas e políticas, além de contradizer o chamado Bom Senso, acho relevante estudar os efeitos que podem provocar. Darei até mesmo exemplo sutil ao final. Prometo.
Achei alguma coisa sobre o tema pela internet: aqui, na Wikipedia e aqui, no Dicionário do Cético. Tento reexeplicar.
O conceito é um fenômeno mental que ocorre que o cérebro se confronta com condições contraditórias. Parece simples, mas há um fator muito importante: o cérebro trabalha linearmente no tempo. Isso quer dizer que contradição surge quando uma informação nova rebate, total ou parcialmente, uma informação que já era dominada pela mente.
Pegando um exemplo simples, você acha que o nome de uma pessoa é "João". Um dia, alguém chama essa pessoa de "Zé", o típico apelido de "José". E agora ? O sujeito se chama João ou José ?
Fazendo outro exemplo, menos simples: você come bastante chocolate, mas um dia descobre que é diabético. O gosto pelo chocolate não mudou, mas você não pode mais comer. Como proceder ?
São exemplos bobos. No primeiro caso, a solução é perguntar para o sujeito e acabar com o mistério. No segundo, ou você toma insulina ou para com os doces. Mas observe que a dissonância faz o sujeito parar para pensar sobre o caso. 
Isso nos traz alguns aspectos interessantes. Primeiro, a dissonância cognitiva é um processo natural do cérebro e necessário ao aprendizado e reaprendizado. Segundo, ele está relacionado à quantidade de conceitos e informações previamente presentes no cérebro. Ou seja, quando mais velho se é, maior a chance do fenômeno ocorrer. 
  • Reação
Até aqui, tudo parece apenas uma sequência quase inevitável de eventos. Mas o problema é que o cérebro não gosta da dissonância e tentará eliminá-la o quanto antes. Isso pode ser percebido pelo incômodo que sentimos no momento em que ela acontece. "Ah, mas se eu perguntar o nome dele, será que ele ficará ofendido ?" ou "Ah, não ! Tem que ter um jeito de comer chocolate" é o que se espera passar nos exemplos acima.
Para acabar com o paradoxo, há 3 caminhos possíveis, de acordo com Festinger:
1) Substituir a crença ou conhecimento antigo
2) Buscar novas informações ou crenças para diminuir o desconforto
3) Diminuir ou zerar a relevância do que está causando a dissonância
A meu ver, o método 2 é o mais sensato. Nenhuma informação, seja a nova ou a antiga, merece maior respeito em função apenas da maturidade, sob pena de se cometer falácias de Argumentum ad Antiquitatem e Argumentum ad Novitatem, respectivamente. Ainda assim, em algum ponto será preciso tomar a decisão de seguir com ela.
Amanhã eu continuo com a segunda e última parte deste assunto 

2 comentários:

  1. A teoria da dissonância cognitiva é interessante, mas ainda é uma teoria porque um ponto chave da mesma está em disputa na psicologia moderna (ou foi o que entendi do que conversei com um psicólogo anos atrás) mas ela explica bem alguns comportamentos, ainda que não leve em consideração alguns fatores mensuráveis e provados cientificamentes que afetam o sistema de crenças das pessoas, como Kaskutas e Zemore demonstraram em diversos artigos publicados no Journal Of Addictive Diseases, entre outros.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sim, sim... Ela não se propõe a ser a explicação monocausal única, completa e perfeita para tudo. Mas encaixa-se bem com um fenômeno que eu tenho observado e por isso que explicá-la aqui.

      Excluir