sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A Chance de uma Vida (9)

Saulo foi embora para o hotel de taxi. Não se lembrou do plano de usar ônibus para minimizar custos, nem prestou a menor atenção ao caminho. Por sorte, o taxista não era do tipo que esticava o caminho para tirar uns dólares a mais, mas nem disso Saulo se deu conta. Pagou a corrida e entrou pelo hotel em modo automático.
Na entrada, alguns funcionários colocavam um grande cartaz indicando os números sorteados junto ao corvette que ali estava há alguns dias. Sem olhar para nada, Saulo foi para o quarto. 
Tomou um banho curto e deitou-se nu na cama. Precisava pensar.
Passados 40 minutos, percebeu que não precisava pensar, precisava decidir. Em dois dias se encontraria com um chefe de equipe que lhe faria uma proposta para se tornar um piloto. Mas que tipo de proposta seria? Contrato de um ano? Piloto de testes? Piloto reserva? Ou seria algo menos glamouroso, similar ao que Gary e David faziam ali mesmo na pista de Las Vegas? Na verdade, Saulo percebeu que não tinha informações para pensar. Precisar esperar pelo tal Richard e não fazia sentido preocupar-se mais.
Levantou-se, vestiu-se e saiu para a diversão. Afinal de contas, estava em Vegas e Vegas é um lugar para se divertir, não para pensar.
Ledo engano. De fato, Saulo não tirava a conversa que tivera com Brad da cabeça. Nem mesmo a sensação de velocidade, os momentos em cada curva, a estratégia para ultrapassar David... nada daquilo fixava sua atenção. Saulo ficou até um pouco chateado por não estar saboreando aqueles momentos, mas enfim...
Passou o resto daquela quinta-feira e a sexta perambulando pela Strip. Comeu sem atenção, perdeu quase 200 dólares no black jack, e foi a um show do Cirque du Soleil. Não conseguia se concentrar me nada que não fosse a conversa do sábado. Ali pelas tanta-se, deu-se conta de que não marcara horário, apenas dera o nome do hotel onde estava hospedado. Isso o obrigaria a ficar plantado no quarto do hotel esperando a tal reunião. 
Passou por uma loja de conveniência e comprou duas revistas para lhe fazer companhia, uma das quais de carros e outra de celebridades. Não que tivesse alguma esperança de salvar seu péssimo inglês a tempo da reunião, mas não custava investir um par de minutos nisso. Voltando ao hotel folheava a revista e não se deu conta de que aquele corvette não estava mais na entrada do hotel. 
Jantou ali mesmo e foi deitar cedo. Dormir jamais seria um verbo adequado para descrever aquela noite.

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