quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

A Chance de uma Vida (12)

Sorrindo, quase aos pulos, Saulo foi ao balcão apresentar seu bilhete premiado. Talvez houvesse algum tipo de burocracia a se resolver, ainda mais por ser um estrangeiro. Mas isso era coisa menor a se pensar agora. Ele ganhara um corvertte, oras.
Chamou a moça que, sorridente como sempre, atendeu-o. Ele tentou se comunicar, apresentando o bilhete.
- Eu tenho este bilhete premiado. 
- Bom para o senhor ! Qual foi o prêmio ?
- O corvette. 
Estranhamente, a moça ficou séria.
- O senhor tem certeza?
- Sim, acabei de ver os números. Aqui estão. 
A moça olhou o bilhete e respondeu:
- Só um momento, por favor.
Ela se afastou em direção a um gerente mais ao fundo. Saulo não ouviu a conversa, mas ele parou tudo o que estava fazendo e veio imediatamente checar o caso.
- Bom dia. O senhor afirma ter um bilhete premiado para o corvette, é isso?
- Sim. Algum problema?
- Nenhum problema, senhor. Posso ver um documento com foto?
Saulo entregou o passaporte e o gerente verificou rapidamente que era mesmo dele. 
- Tenha a gentileza de me acompanhar disse ele apontado para a lateral do balcão. 
O gerente por aquela exata passagem e logo estava próximo a ele. Conduziu-o para uma porta lateral para uma parte interior do hotel. Nela havia um segurança para quem o gerente apenas disse:
- Código 12. 
- Sim senhor.
Saulo não notou, mas o segurança sacou um rádio e começou a falar com alguém imediatamente. O gerente conduziu Saulo a uma porta, abriu-a e pediu para que entrasse. Era simples, com uma mesa, uma cadeira e uma espécie de banco com acolchoado fino. Tão logo Saulo entrou, o gerente fecho a porta. Saulo ouviu, então, algo estranho: a porta pareceu ser trancada.
Saulo se sentou e esperou. Passados uns quinze minutos, aquela espera começou a se tornar estranha. Ninguém o procurou nesse tempo, ninguém entrou ali... era algo totalmente destoante do clima de prazer e divertimento de Vegas. Resolveu chamar alguém.
Levantou-se e foi até a porta. Testou a maçaneta e, de fato, a porta estava trancada. Ele estava preso!
Só então, notou que a sala onde estava não tinha absolutamente nada além da mesa, cadeira e banco. Não havia nada na mesa, sequer gavetas. Não havia janelas ou mesmo tomadas. O que será que estava acontecendo?
Decidiu tentar algo e bateu na porta, esperando que alguém estivesse do outro lado. Ouviu uma voz do outro lado.
- O que você quer?
- Ehm... banheiro. Preciso ir ao banheiro.
- O sr. fique onde está. Por favor, não comece uma cena.
- Como assim?! Eu quero sair daqui. Preciso ir ao banheiro. Chame um gerente agora.
O silêncio como resposta confirmou seu temor. Por algum motivo ele estava preso. Certamente a polícia havia sido chamada e estava a caminho. Menos mal: assim poderia, com seu parco inglês, tentar saber o que estava acontecendo.
Mas isso não aconteceu por mais de uma hora, estimou ele. Sem relógio ou mesmo celular, a sala era um completo tédio. Alternou o banco com a cedeira, deitando-se algumas vezes, mas realmente ansioso. 
De repente, a porta se abriu, um policial entrou. Com o típico uniforme policial bege claro. A insígnia trazia o sobrenome Silva como identificação. E em um português tipicamente carioca, o policial se dirigiu a Saulo.
- Boa tarde, sr. Pereira. Eu sou o oficial Silva, da Polícia Metropolitana de Las Vegas. Fui chamado para falar com o senhor por ser o único brasileiro na força policial, de modo a conversar com o senhor com mais conforto.
- Bom. Ótimo. Maravilha. E eu posso saber o que diabos está acontecendo?
Oficial Silva expressou um olhar mais preocupado antes de responder, como se escolhesse com cuidado as palavras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário