quarta-feira, 21 de maio de 2014

Terrorismo Sindical

O amigo leitor já sabe do que falarei, pelo título. Evidentemente, é da vergonhosa ação grevista de que São Paulo foi vítima ontem e, pelo que leio, hoje.
Não é assunto novo. Desde que me entendo por gente, há greves de motoristas e cobradores de ônibus em São Paulo e outras capitais brasileiras. Aqui, até pelas dimensões da cidade, o problema é mais sério: uma pessoa pode estar a 30 ou 40 quilômetros de sua residência quando descobre que não tem como retornar ao lar. Leio relatos de pessoas que dormiram na rua por causa disso.
Já não é de hoje, também, que discordo e critico duramente qualquer tipo de greve que prejudique a população. Ainda nos anos 80, questionei amigos esquerdistas sobre o porque de não se adotar a greve "catraca livre". A resposta, sempre balbuciante, era alguma mentira do tipo "não ia dar certo". Relativamente longe dos coletivos, eu sempre imaginei que um movimento de não cobrar as passagens poderia amealhar a simpatia da população. 
Já em 1991, passei ao uso diário dos ônibus para ir ao cursinho Etapa. Naquele ano, jurei nunca mais na minha vida depender deles. Perdi uma semana inteira de aulas por casa de uma greve. No ano seguinte, já na USP, pude começar a rarear o uso deles por caronas eventuais. De 1994 para cá, nunca mais foi um hábito. Sorte e trabalho.
No caso de ontem, meu incômodo pessoal foi o trânsito. Perdi bastante tempo para chegar ao metrô. E só. O plano de treinar às 19h foi cumprido. Não fui diretamente prejudicado, portanto.
Mas pude, pela primeira vez, testemunhar o pelo que as pessoas passam. Vi o Terminal Butantã lotado (perdoem-me por não ter a foto aqui). Vi o olhar misto de desespero e resignação do cidadão comum, que não tinha como ir para casa. Centenas de pessoas, zero veículos. E o metrô também não estava amigável.
Leio trocas de acusações. Leio o sindicato dizendo que fez acordo de reposição salarial e não deflagrou a greve. Leio que teria sido um grupo dissidente. Leio motoristas dizendo que pararam por medo de serem agredidos pelos dissidentes ou pelo sindicato.
Não importa.
Minha querida amiga Helga relembrou que era totalmente previsível esse tipo de coisa acontecer com a proximidade da Copa. 
Com toda razão, mas também não importa muito na verdade.
O que quero expressar aqui, nada em causa própria e totalmente em favor de gente necessitada, é raiva. Sem economizar no vernáculo, os grevistas em questão são o mais baixo tipo de covarde, calhorda, cuzão, filho da puta. Escolho o termo grevista, para deixar claro que não me refiro à categoria dos motoristas e cobradores: falo apenas desses safados que fazem terrorismo com o cidadão comum. 
Não se iludam: para a próxima semana pode ser o metrô, e aí a coisa desaba de vez. 


Um comentário:

  1. Acho sua revolta compreensível (parafraseando a palavra de uma jornalista controversa)... Isso era esperado e as pessoas de SP deveriam ter um plano de contingencia para não dormir na rua se moram a 40 km do trabalho (dormir na casa de amigos/ pegar um taxi / pegar carona / não ir para o trabalho / dormir em um hotel / dormir no motel / dormir no trabalho). Não sei se o que os grevistas querem é razoável ou não, mas posso te dizer que fazem uns bons anos que servidores estaduais não tem nem reposições da inflação (os contratos de serviços tem correção pelo IGP FIPE, mas os servidores não tem NADA). Concordo com a greve de catraca livre acho que seria perfeito dar prejuízo para a empresa / governo dado que os usuários do sistema não tem nada que ver com o pato certo? Mas vem cá, essa população não é a mesma que quer que o Estado pague por ela os 20 centavos por ela? Esse aqui é o país onde está TODO MUNDO errado. Não tem como greve e manifestação não atrapalhar os que não participam, se não incomoda não gera resultado...As greves daqui até o dia 12/06 são oportunistas e vamos ter que viver com isso. E desabar de vez foi quando o país inteiro quase ficou sem energia (ainda lembro da explicação tosca pelo rádio que foi pq um poste da rede de transmissão havia caído...). Podia ser pior... podiam ser os policiais (em 13 estados?)...

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