quinta-feira, 3 de julho de 2014

Teve Copa

Ao contrário do rashtag #nãovaiterCopa, está mais do que evidente que está tendo, e em alguns dias diremos "teve". Já pisei nos bagos dos antis, aqueles que torciam pelo caos, destruição, perda de imagem, tragédias e catástrofes, dentro e fora de campo. Hoje reservo o vernáculo para um grupo menos radical, mas bem maior em número.
Refiro-me, amigo leitor, aos que, embora não torcessem contra o evento, apenas achavam que ele seria trágico. O rashtag mais apropriado seria "#imaginanaCopa", que se intensificou quando os anos de antecedência se tornaram meses e depois semanas.
A turma do "imaginanaCopa" achava que tudo ia dar errado. Os estádios não ficariam prontos, as obras de apoio não ficariam prontas, faltariam hotéis, restaurantes, transportes, água, energia, comida e até os maledettos adaptadores de energia para os eletrônicos não-brasileiras. As estradas estariam superlotadas de turistas indo de sede a sede atrás dos seus times.
Bem, exemplos de obras incompletas ou mal feitas não faltavam, e vou me ater aos casos paulistanos, que conheço melhor. O terminal 3 de Cumbica, por exemplo, é um puxadinho mequetrefe. As estradas brasileiras não melhoraram nada nos últimos 7 anos. O monotrilho que ligaria o aeroporto de Congonhas ao metrô e ao estádio do Morumbi, plano inicial para sediar os jogos paulistanos, está longe de terminado. Mesmo os jogos tendo mudado de casa, o aeroporto continua lá, muita gente está voando por ele e deveria precisar do metrô ao chegar. Podemos seguir a lista por horas.
Mas teve Copa. Então, como diabos a Copa deu certo? 
Não sei dizer. Fato é que não houve caos aéreo. O metrô paulistano deu conta de levar os torcedores ao Itaquerão nos 5 jogos ali realizados, e nada leva a crer que não dê conta na partida semi-final do dia 9, um feriado estadual. Não houve superlotação dos hotéis, nem gente dormindo em praças como se chegou a cogitar. E, a esta altura, com 24 dos 31 visitantes já eliminados, não há porque crer em problemas dessa ordem daqui para frente. Também não tive notícias de estrangeiros largamente mal tratados ou incapazes de comunicar. O brasileiro mostrou seus usuais jeitinho e boa vontade, e de algum modo tudo funcionou.
Dizer que não aconteceram incidentes é exagero. Brigas, tumultos, excesso de gente na Vila Madalena (caso paulistano), trânsito antecedendo os jogos e ingressos falsos são alguns deles. Claro que é preciso questionar as autoridades sobre diversas coisas ainda: se a Copa era viável sem a linha-17 do metrô, como está sendo, por que ela foi considerada essencial anos atrás? O estádio precisava mesmo ter custado o que custou? Cadê a linha expressa entre o Metrô e Cumbica? Para que usar 12 cidades-sede, construindo estádios inúteis em Brasília, Manaus, Cuiabá e Natal? Por que tantos jogos no Nordeste, reduto eleitoral do atual governo e tão poucos no Sul?
Mas teve Copa.
Os antis estão desesperados ao se deparar com os fatos. Os pessimistas, apenas surpresos e perplexos. "Teve Copa", eles precisam admitir. Então deixo aqui minha crítica a todos os pessimistas que não previram a viabilidade do evento. Eu incluso.

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